terça-feira, 25 de setembro de 2012

Keep calm and...


Não é sempre que venho escrever aqui. É mais quando não sei o que fazer, quando estou entediada, ou mesmo quando quero simplesmente desabafar qualquer porcaria que esteja passando na minha cabeça. Ou então quando estou fugindo do Facebook e percebo que não sei mais mexer na internet sem entrar lá. O que fazer? Com quem falar? O que ver?

Há algum tempo, fiquei 5 dias sem ver minhas notificações na rede social mais famosa do mundo. E lembro de ter ficado ótima! Passei meu tempo, antes gasto lá, fazendo minhas coisas - organizando arquivos do computador (aqueles que a gente sempre fala que vai arrumar depois), fazendo as unhas, cuidando dos cabelos, trabalhando, lendo...

O bom disso é que a gente pára pra prestar mais atenção ao que está ao nosso redor. E dá tempo de pensar mais, refletir sobre aquelas coisas que a gente começa a pensar quando está prestes a dormir mas acaba não pensando muito porque o cansaço e o sono chegam logo.

E o que mais tem me intrigado ultimamente é o fato de o mundo estar de ponta-cabeça. Aliás, o mundo está em seu lugar... As pessoas é que estão reviradas. Valores tão simples e tão importantes são cada vez mais abafados por essa corrida atrás de sabe-se-lá-o-quê que deixa todo mundo abilolado das ideias. O ciclo de vida do ser humano, hoje, é basicamente assim: ele acorda, vai trabalhar, almoça qualquer coisa em qualquer lugar, volta pro trabalho, sai de lá, enfrenta o trânsito, chega em casa, toma um banho, come alguma coisa (pronta, de preferência), assiste ao jornal e à novela, entra na internet e vai dormir (quando consegue).

Isso tudo sem falar nas preocupações com contas a pagar, tarifas, extratos, boletos, cartões, cheques, juros, IPTU, IPVA, INSS... Dor de cabeça, dor nas costas, dor no pescoço, tensão, cansaço, insônia, depressão... Mercado, farmácia, aluguel, água, luz, telefone, roupas, sapatos... Ugh, dá até um frio na barriga!

O fato é que as pessoas esfriaram. E me pego pensando: se alguém um dia fez mal a você, você acaba ficando mais frio por causa disso, acaba se fechando mais pra não sofrer novamente aquele mal. Aí você pode chegar ao ponto de não se permitir mais relacionamentos muito amigáveis. Isso pode te levar a fazer mal a alguém, que poderá ficar mais fria por causa disso... E voilá! Estamos numa reação em cadeia frenética do novo milênio, em que ninguém mais confia em ninguém.

Isso se prova naquelas figuras com frases que falam sobre isso que são postadas no Facebook quase todo dia. Todo mundo se decepcionando com todo mundo - e ninguém confiando em ninguém. Será que é esse o mal do século? Afinal, muitos casos de depressão surgem por aí. A pessoa se isola, se fecha no seu mundinho, se aflige com tudo e se entristece ao ver que sua vida tá de mal a pior. Por isso, posso afirmar que o mal do século não é a depressão em si, mas aquilo que leva as pessoas a encontrá-la.

Aquelas histórias de ser feliz custe o que custar, de falar a verdade incondicionalmente, de viver cada dia como se fosse o último, parecem-me mais coisa de filme e de novela, onde tudo é possível, tudo é lindo e radiante, todos se amam e se perdoam sem ao menos conversar sobre o assunto. Creio, por isso, que a arte não imita a vida. E que a vida deveria ser como a arte - mas não é. A não ser em filmes dramáticos e em novelas polêmicas que mostram as verdades nuas e cruas pro telespectador.

Pessoas se machucam consigo mesmas, como não se machucariam com outras? A maldade existe, a vingança, o ódio, a inveja. O que temos que fazer é aprender a driblar tudo isso de forma a não nos machucarmos tanto. Precisamos entender que o mundo está assim as pessoas são assim, e que não irão mudar. Só se você tomar a bela decisão de mudar por si só e de tentar mostrar sua mensagem de paz e amor através de seus atos. Aí podemos até ter alguma esperança.

O duro é a gente decidir isso. Simplesmente querer mudar, virar-se do avesso, ser diferente. Só que, a meu ver, somos o que somos hoje em virtude de tudo o que aconteceu no nosso passado. Se estamos mais frios, mais calados, mais fechados, é porque erramos ao ser mais calorosos, mais falantes, mais abertos. A nossa inocência se perde no meio desse caminho e a gente passa a duvidar de tudo, de ver maldade nas coisas. E aí a gente se pega com um pé atrás, prontos pra fugir caso qualquer coisa lembre um trauma, uma tragédia, uma tristeza antes vividos.

Assim, meu pensamento do dia é: vale a pena simplesmente deixar para trás tudo o que nos aconteceu para sermos uma nova pessoa? Vale a pena ignorarmos nosso passado e junto com ele todos os nossos aprendizados, para enfim tentar imitar a arte e sermos "mais felizes"? Tem como fingir que nada aconteceu e continuar acreditando nas pessoas, incondicionalmente?

Bom, talvez a minha dica seja: continue sendo quem você é, continue não acreditando em ninguém, continue falando o que pensa e o que sente, keep calm and... fuck all them.