segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Declaro-os maduros

Há algum tempo, estava eu com meu celular e fones de ouvido plugados para ouvir rádio e pegar no sono - ou ao menos tentar. Entre uma e outra estação, acabei sintonizando um cara falando de finanças. "Muito bom", pensei eu, afinal, nisso que eu estava pensando mesmo. Fui ouvindo e me deparei com uma palestra. Logo pude ver que era uma palestra motivacional. Vinda de um pastor chamado Anésio (ou Anézio, sei lá). Eu geralmente mudo de estação, mas eu já estava curiosa pra saber o que ele estaria falando e onde queria chegar com todas aquelas argumentações. Fui ouvindo.

E sabe, foi ótimo. Eu precisava ouvir umas coisas vindas de um completo estranho e que atingiam exatamente as minhas necessidades. Eu já vinha pensando muito sobre algumas coisas, mas acabei por me motivar a fazê-las, a colocá-las em prática.

O tal pastor falou de finanças, de saúde e bem-estar, de família, de vida amorosa. Quando falou de casamento, leu o seguinte texto, escrito por Martha Medeiros (seria uma prima distante??), colunista da revista Cláudia:


"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. 'Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?' Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros".

(Texto retirado do blog Palavras, todas palavras.)


Muito interessante o texto. Fala exatamente do que está faltando nos casamentos da atualidade. Conheço um casal em que o homem trata a mulher como um carro. Isso aí, um carro. Ele diz que arrumou a lataria, deu uma turbinada, porque "ninguém merece carro velho". Outro casal que conheço parece ter feito filhos no susto, como se fossem animais que de repente dão cria. Até aí tudo bem, muita gente tem filhos sem esperar. Só que eles não pareciam estar preparados para ter 3 filhos e os pobrezinhos estão ficando à mercê da vida, sem preparo nenhum para tal. Já ouvi histórias também de homens que no namoro eram ovelhas e que viraram lobos depois do casamento. Enfim, a percepção de Martha para listar pontos importantes de comportamento dentro do matrimônio é realista e objetiva. Concordo com ela.


Tá certo que algumas palavras não soariam com cara de "cerimônia" matrimonial (entre aspas mesmo, porque realmente é AQUELA cerimônia). Não consigo imaginar um padre ou mesmo um juiz perguntando ao casal se eles prometem fazer "sexo sem pudores", na frente da família toda, desde a vovó ao priminho pentelho de 10 anos - que a esta altura não pergunta ao pai o que é "sexo", mas qual o significado da palavra "pudores".


Mesmo assim, os noivos poderiam ler tal mensagem antes do casório, até mesmo pra que repensem no sentido do mesmo. Deveriam é colar a mensagem na cabeceira da cama, pra nunca mais esquecerem. Afinal, casais que convivem há 25 ou 50 anos não devem deixar morrer os eternos namorados que costumavam ser nos anos iniciais de matrimônio. E isso não quer dizer que devam "batizar" todos os cômodos da casa todos os dias ou com tanta empolgação como antes. Mas que o carinho, o respeito e a admiração continuem vivos - e até maiores e mais intensos.


O que impede um homem casado de trazer uma flor à sua esposa? O que impede de uma mulher passar o dia no salão de beleza para agradar ao marido? O que os impede de sentar no sofá e conversar por horas a fio? O peso da idade pode influenciar em sua vivacidade, mas não no amor que um sente pelo outro. Na verdade, esse amor deveria aumentar a cada dia.


Muitos são os motivos para o fim dos casamentos, mas a falta de respeito pode ser citado como um dos principais. Se todos fizessem como Martha escreveu, muitas brigas seriam evitadas. E, com isso, o fim da vida a dois também seria mais difícil de acontecer.

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