quinta-feira, 6 de maio de 2010

Bela psicologia...

Sentar-se frente a uma pessoa desconhecida e contar toda a sua vida é, pra mim, algo novo. E, na minha opinião, isso é estranho e acaba sendo chato. Pois é, chato. Porque a gente fala, fala, fala... E o ser ali só sabe falar "ahã" e acenar positivamente com a cabeça. Parece programado. E deve ser mesmo, viu? Certamente aprendem a manter uma determinada postura na frente do paciente. Pode até ser uma espécie de ética profissional mas, pra mim, mais parece um robô.

E depois de falar praticamente tudo o que me incomoda, a pessoa só soube fazer observações óbvias, que até eu faria. "É, parece que você não se sente à vontade sobre tal assunto", e coisas do tipo. Parece um visionista tentando adivinhar o futuro, jogando verde pra ver se colhe maduro.

Saí de lá sem respostas, sem dinheiro (R$140,00 uma conversa de praticamente duas horas) e com propostas pra mais conversas como aquela. Ou seja, mais e mais
dinheiro indo pro beleléu. E pra quê? Pra ficar falando da minha vida pra uma pessoa que vai fazer de tudo pra não pensar nela quando for dormir? Até porque eu acho que cada um já tem problemas demais pra ter que pensar nos dos outros. A psicóloga certamente não ficará preocupada se eu estou me sentindo melhor ou não - só vai se preocupar se eu não pagar a consulta.

E aí eu fiquei pensando: o que faz uma pessoa aparentemente saudável como eu parar num lugar desse? Sentada ali naquele sofá, com aspecto frágil e indefeso, como que implorando por uma ajuda... O que há de errado? O que uma pessoa desconhecida poderia fazer pra me ajudar? O que eu devo fazer pra não ter que voltar pra lá? Bom, cabe a mim concluir que, se estivesse realmente tudo bem, eu não teria parado num lugar como esse.

Não posso pagar pelas consultas. Está, absolutamente, fora de questão. No fim, terei de assumir o controle por mim mesma, mesmo que de modo errado, do jeito mais difícil e sem apoio nenhum. Se eu chegar a conseguir, aí sim poderei me considerar vitoriosa.

A doutora falou de fé. Sei muito bem que isso ajuda - e muito. Já passei por muita coisa e sou testemunha viva de que a fé move montanhas. Só não ajuda quando a nossa está abalada. Que fazer, então? A princípio, eventuais fontes de enfraquecimento dela deveriam ser deixadas de lado. Talvez assim ela pare de enfraquecer, mesmo que não volte à sua totalidade com rapidez. O difícil é conseguir alcançar uma fé plena outra vez.

Tudo fica ainda mais difícil quando aqueles que seriam os mais indicados a apoiar resolvem dar de ombros. Não é fácil tentar expor pensamentos e opiniões que são tidos apenas como mera rebeldia por quem os ouve. O pior é ver que minhas atitudes frente a tudo isso vêm de berço e que o berço em si não aceita que eu tenha tais atitudes. Se não as aceita vindas de mim, como falar que somos iguais? Afinal, estarei dizendo que não aceitam a si próprios e isso resultaria numa grande confusão.

Quem é que consegue ser plenamente feliz nessa vida sabendo que suas opiniões e sentimentos não são bem-vindos em seu lar? Como sair preparado pra lidar com as adversidades da vida sendo que sua própria família não lhe dá apoio algum? De que adianta desejarem minha felicidade se não colaboram pra que ela realmente aconteça e se me deixam de lado achando que assim estarão me fazendo bem? Se eu erro ao deixar de lado quem me fere, então agora sei de onde aprendi.

Psicólogo, nessa hora, só seria bom pra isso mesmo: ouvir. E se eles ouvem, não falam nada e eu só me sinto um pouco mais aliviada por ter desabafado, então acho que já encontrei meu psicólogo: este blog. Afinal, vai ter o mesmo efeito (ninguém lê isso aqui mesmo) e eu não vou precisar pagar uma fortuna pra isso.

1 comentários:

Fran disse...

Não nós não somos treinados para ouvir, se isso fez o psicólogo que você foi ele não sabia o que fazia, ou então é resistência sua, se fosse só para ouvir nós nem estudariamos, e não não nos ensinam a parecer um robô, e não não vamos pensar no seu caso antes de dormir, porque alguém vai ao médico tratar de uma obesidade? afinal o médico já tem seus problemas e não precisa de mais problemas dos outros, você pode achar que não é a mesma coisa, mas é sim. Não nós não absorvemos seus problemas para nós, eles são apenas seus. Sim tentamos te ajudar porque amamos (os psicólogos de verdade) ver as pessoas encontrando o equilibrio novamente. Não somos capitalistas a tal ponto de nos preocuparmos apenas com você pagar a consulta ou não, mas sim precisamos deste dinheiro, afinal é o que fazemos da vida, cada um tem uma vocação, mas ao torna-la profissão é necessário que se ganhe algo por isso.
Psicólogo ouve e também fala, se aonde você foi isso realmente aconteceu procure outro, em todos as áreas existem bons e maus profissionais, e alias Psicólogo de verdade não fica só ouvindo. É importante que você saiba disso.

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